8 de junho de 2020

Crianças autistas e isolamento social, o que mais pode ser feito para maximizar as oportunidades de aprendizagem?

Crianças com autismo são aprendizes visuais, o que significa que são capazes de aprender bem com a mídia visual, nesse caso parece que a tecnologia pode ajudar, mas como?

É evidente que estamos falando de crianças que estavam em tratamento, em escolas regulares e já teriam capacidade de sentar-se e olhar (por isso é tão importante a intervenção precoce, para treinar e criar essas oportunidades de aprendizagem para esses indivíduos) e que tiveram suas rotinas modificadas em função do COVID-19.

Com o isolamento social, todas as crianças sofreram com o afastamento, confinamento e mudanças nas rotinas tão insistentemente treinadas e antecipadas para que pudessem promover uma melhor comunicação e gerar segurança e confiança na criança. Com a rotina, os comportamentos inadequados tendem a ocorrer menos e a regularidade de demandas fica mais estabelecida.

Estar em casa pode, para essas crianças, estar associado ao lazer, já que na antiga rotina talvez isso fosse dominante, além de ter a família reunida (pai, mãe e filhos) comum nos finais de semana, a ausência dos atendimentos presenciais pode confundir bastante esses pequenos. As mudanças foram bruscas e estamos observando muitos casos de regressão em comportamentos adequados que já tinham sido adquiridos.
A escola é no computador, no tablet, no celular e em meio ao caos que a situação pode aparentar, como podemos tirar proveito dessas ferramentas para promover o aprendizado?

Aprender com essas ferramentas pode ser possível, aliás antes mesmo da pandemia elas já eram muito utilizadas para crianças e para crianças de desenvolvimento atípico.

A consultora educacional do Indiana Resource Center for Autism, Kristie Brown Lofland afirma que alunos com TEA aprendem bem com a mídia visual, já que as imagens são a sua “primeira língua”, enquanto as palavras são a sua “segunda língua”.  “A tecnologia apenas torna as imagens visuais mais acessíveis ao indivíduo no TEA. A computação gráfica captura e mantém a atenção deles.”, diz Lofland em seu artigo.

As ferramentas também podem trazer maior autonomia, atenção, autorregulação e coordenação viso-motora, reduzindo assim comportamentos de agitação. Segundo Barroso e Souza, algumas pesquisas têm demonstrado que as ferramentas imbuídas de tecnologia do tipo “touch” são relevantes para acionarem o sistema háptico e mecanismos de neurofisiológicos, bem como permitem maior acessibilidades de pessoas no TEA. (BARROSO e SOUZA, 2018).
As situações sociais, a convivência e amadurecimento que essas crianças experimentam indo à escola são únicas, mas a tecnologia vem avançando e permitindo que o aprendizado aconteça também no meio virtual.

A orientação visual é um grande ganho para indivíduos no TEA, a tecnologia permite que educadores, profissionais e pais possam escolher entre as muitas possibilidades de materiais para alcançar todos os estudantes, independentemente de suas habilidades:

As apresentações em vídeos e slides ou jogos interativos; atividades na internet, podcasts, softwares, ferramentas de ditado por voz para auxiliar na escrita; aplicativos e ferramentas que podem ser encontradas online ou em smartphones e tablets.

Para os não-verbais, segundo a organização Autism Speaks, de 20 a 30% das pessoas no TEA, aplicativos especiais podem desempenhar um importante papel na assistência aos alunos, são os chamados “visores de cena”. O Speech with Milo ou SceneSpeaks ajudam as crianças a desenvolver habilidades de contar histórias.

Para promover a aprendizagem o app brasileiro, “Era uma casa”, do ABA+, faz a criança reconhecer os espaços da casa e reconhecer as formas geométricas no ambiente, sempre com reforçamento positivo ao final de cada etapa.

O Google Play apresenta diversos aplicativos, que podem ser baixados gratuitamente, dentre os quais: “ABC do Autismo”, que possui brincadeiras interativas, auxiliando no processo de alfabetização; que ajuda os autistas em diferentes níveis do espectro a aprender o alfabeto com imagens e sons.

Segundo o CEO do ABA+, Vinícius Reis,  “A pandemia nos obrigou evoluir tecnologicamente em praticamente todas as áreas de atuação. A área da educação teve que se reinventar para manter os alunos estudando de forma remota, criando atividades com recursos de ‘gamificação’* para tentar manter o nível de engajamento. No campo das terapias, jogos terapêuticos e o teleatendimento psicológico interativo são utilizados cm as crianças com atraso no desenvolvimento. E isso tende a aumentar mais após a pandemia, pois será mais uma alternativa para que o aluno ou paciente fique o mínimo possível sem auxílio. A evolução da tecnologia é um caminho sem volta. Cada vez mais serão criados recursos de tecnologia assistiva, com intuito de melhorar a qualidade de vida das pessoas, sejam elas com deficiência ou não”.

Os estímulos para aprendizagem são garantidos com efeitos visuais e auditivos, além do processo de gamificação que garante a participação dos alunos de modo mais lúdico. O aprendizado flui.

*Gamificação (ou, em inglês gamification) tornou-se uma das apostas da educação no século 21. O termo complicado significa simplesmente usar elementos dos jogos de forma a engajar as pessoas para atingir um objetivo. Na educação, o potencial da gamificação é imenso: ela funciona para despertar interesse, aumentar a participação, desenvolver criatividade e autonomia, promover diálogo e resolver situações-problema.” (LORENZONI, 2016).

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