18 de novembro de 2019

Sobre os encantos da mente

Por Cris Alves

Temos falado muito sobre a teoria da mente, temos refletido sobre a capacidade que o ser humano tem de planejar, imaginar e, inclusive, mentir. Em O reizinho autista, Dr. Gustavo Teixeira esclarece que “A teoria da mente se refere à habilidade de compreender que temos uma mente, que hipoteticamente somos capazes de raciocinar, planejar, imaginar ou mentir sobre determinado assunto e compreender que as pessoas não são capazes de perceber isso”.

Essa teoria fica evidente na série americana The Good Doctor, em que Fredie Higmore interpreta o Dr. Shaun Murphy, um jovem cirurgião que sofre de autismo ou Síndrome de Savant (síndrome do sábio). Síndrome que dificulta a manutenção das relações sociais, mas que não impede que os portadores desenvolvam habilidades mentais prodigiosas como a memória que garante a ele uma facilidade de relacionar sintomas e diagnósticos. A série explora as dificuldades do médico que apesar do talento, precisa enfrentar e superar preconceitos para atuar na profissão, a qual é habilitado.

O cinema, há tempos, tem apresentado indivíduos com síndromes que comprometem as relações sociais e com isso contribuído para desmistificar e dissipar preconceitos e outros equívocos. Em “Ray Man”, de 1988, conhecemos outro portador da Síndrome de Savant e também do TEA. Todos nos envolvemos com o personagem de Dustin Hoffman, um homem de 57 anos, com um vasto conhecimento enciclopédico, musical, literário, além de incríveis habilidades de memorização e junto com Charlie de Tom Cruise, nos encantamos com a existência dele. Além de despertar esse encantamento, o filme mostra e, por que não, denuncia os erros no tratamento dado a essas pessoas, que vão de um isolamento cruel a um protecionismo limitante.

É importante destacar o valor cientifico e didático dessas obras. Na série The Good Doctor, muitas vezes aparece o pensamento de Shaun Murphy seguido de uma ilustração mostrando como funciona o cérebro dele. O que nos ajuda a entender que a mente deles pensa muito rápido e com isso fazem associações que para nós parecem não ter sentido. Já com Ray Man aprendemos sobre a necessidade dos autistas de repetir sentenças, de algumas obsessões por determinados produtos ou programas de TV e sobre “meltdowns”. Lembra das crises do personagem quando mudava bruscamente de rotina?
Tanto Dr. Shaun como Raymond apresentam uma Síndrome que favorece o desenvolvimento mental e tem como desafio o convívio social.

São excepcionalmente hábeis com a música, com instrumentos musicais, com as artes plásticas e os cálculos matemáticos, além de uma memória fotográfica. Por isso para conviver com indivíduos com TEA e outras síndromes é preciso entender e respeitar essas particularidades de comportamento e quanto mais cedo eles forem diagnosticados, mais viável será o tratamento, maiores serão as possibilidades de autonomia e convívio social.

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Sobre o(a) autor(a)
Cris Alves

Cris Alves

Cris Alves é filha, mãe, professora encantadora de pequenos escritores, indignada, empenhada, multifacetada e articulista para o ABA+ É muita inteligência afetiva!
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